Ter a consciência dos maus hábitos é o primeiro passo para a correção!
O desejo de todos que amam dançar é poder fazer isso ao longo da vida e pelo maior tempo possível. Para isso é de extrema importância respeitar o próprio o corpo e principalmente saber como evitar dores e lesões.
Inspirada por artigos especializados que li, pela observação ao longo dos anos listei alguns maus hábitos bem comuns entre os bailarinos dentro e fora da aulas que precisam ser observados e corrigidos o quanto antes:
- Fazer exercícios de alongamento estático antes de qualquer atividade:
Alongamentos estáticos ou passivos são aqueles em que você assume uma posição e permanece nela por algum tempo, muitas vezes com a ajuda de um parceiro ou aparelho.
Estudos recentes apontam que esse tipo de alongamento antes das aulas diminui a força, agilidade, potência e o alcance útil do movimento. As fibras musculares podem ser comparadas a cercas de arame que se esticadas de uma vez tornam-se deformadas.
Isso não significa que esse tipo de alongamento seja ruim, mas feito sem o corpo estar devidamente aquecido aumenta o risco de lesões. Algumas companhias como o Washington Ballet iniciam a aulas com alongamentos dinâmicos que envolvem movimentos diversos de baixa intensidade (pettit battements en cloche, port de brás, rotações do tronco e pescoço, relevés e etc). Ir a aula a pé ou de bicicleta também são formas de elevar a temperatura do corpo e prepará-lo.
Simplificando - o corpo precisa de movimento para se preparar para dançar.
- Caminhar com as pernas e os pés en dehors:
Acredite! Alguns bailarinos forçam esse tipo de caminhada com os pés para fora a fim de mostrar um tipo de identidade como se fosse uma maneira das pessoas ao redor perceberam que dançam. Fisiologicamente falando isso é apenas um péssimo hábito mesmo.
Andando em primeira posição além de criar uma joanete você vai enfraquecer a musculatura do seu dedão e criar uma pressão muito grande na parte de fora da articulação dos tornozelos e afetar a estabilidade da patela.
A carga das aulas trabalhando "para fora" é muito diferente do tempo que passamos caminhando. Bailarinos devem chegar a aula mais cedo e aquecer seus corpos antes de assumir a posição rigorosa que o bailado exige.
Andar corretamente alimenta a coluna vertebral, quadris e pés, exercícios como o pilates também ajudam a equilibrar os desgastes das aulas.
- Segurar a barra com a mão diretamente na lateral do corpo ou ligeiramente para trás:
Esse tipo de vício influencia totalmente no seu alinhamento durantes os exercicios de barra dando a sensação de "facilidade" para alguns e fazendo outros parecerem impossíveis.
Quando a mão repousa sobre a barra e o cotovelo está para trás do corpo acontece a desestabilização da escapula (as famosas asas fora da caixa torácica), pode acontecer até uma subluxação de ombro.
O correto é quando as mãos repousam na barra ligeiramente a frente do corpo... Sim, as mãos devem repousar e não segurar a barra.
- Buscar a rotação do en dehors fixando os pés em quinta posição:
Primeiro, não deixe de ler este guia completo sobre como melhorar verdadeiramente o seu en dehors.
Lordose, aumento da pressão sobre a articulação sacro-ilíaca e torque na rótula e patela! A lista de malefícios é bem dolorosa e a causa bem comum - bailarinos tentando fixar os pés em quinta posição buscando a melhora do en dehors afetando toda a cadeia cinética (basicamente são as ligações que permitem os movimentos).
Existem maneiras bem mais seguras de melhorar a rotação e o princípio está em sempre se lembrar de começar pelo quadril e que forçar os pés dessa forma tendência a pronação e problemas no tendão de Aquiles.
- Fazer apenas aulas de ballet clássico:
"As aulas de ballet clássico são muito ricas e apontadas como entre uma das atividades mais completas. Mas para evoluir como bailarino exercícios complementares fazem bastante diferença. “ A dança é uma forma de arte, e não um regime de corpo inteiro condicionado. Ainda há muitos bailarinos que não fazem qualquer tipo de cross-training; fazer aulas apenas de ballet clássico leva a desiquilíbrios pois não há desafios aeróbicos suficientes.” diz Quinn - fisioterapeuta do Boston Ballet.
Pessoalmente, por muito tempo discordei disso até mesmo quando assistia videos de bailarinos de ponta fazendo musculação entre outras modalidades. Aos poucos senti a necessidade de mudar a minha rotina incluíndo o mat pilates e a musculação e mesmo dançando amadoramente senti grandes diferenças.
Recomendo, inclusive para aliviar as pressões psicológicas que as aulas de ballet nos impõem.
A taxa de lesões entre bailarinos de todos os níveis técnicos ainda é muito alta apesar da qualidade do ensino que segue melhorando além da facilidade em encontrar bons artigos sobre as mais variadas especialidades.
Procure sempre se atualizar e antes de qualquer coisa ter a certeza de que está em uma escola com método definido e profissionais capacitados.
Fonte: Artigos de Nancy Wozny | Dance Magazine
tradução,adaptação e pesquisa: Milena Pontes
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